Interpretando Gilgal
Gilgal

A fim de interpretar
corretamente o significado de Gilgal, devemos, primeiramente, compreender o
princípio da primeira menção contido nas Escrituras Sagradas[1].
A partir de Josué 5.9,
descobrimos que Gilgal é um lugar que significa "removido". Ao ler
os versículos 2 a 9, compreendemos que a geração dos filhos de Israel que
inicialmente saíram do Egito foi toda circuncidada, ao passo que a geração de
israelitas que nasceram depois, no deserto, não o foi.
Naquela época, esta geração
estava entrando em Canaã e, logo, herdaria sua herança. Portanto, a velha
carne deveria ser "removida"; o opróbrio do Egito precisava ser
lançado fora ou removido para que os filhos de Israel pudessem ter a chance de
desfrutar uma nova. vida, porquanto o significado da circuncisão, conforme nos
é revelado no Novo Testamento, indica "despojamento do corpo da carne"
(Cl 2.11).
Quem verdadeiramente
reconhece o que é a carne? Quem entende o que quer dizer tratar com a carne?
Quem compreende o que quer dizer o julgamento da carne? Muitas pessoas supõem
que a vitória sobre o pecado é a marca da perfeição, mas não sabem que é a
carne quem peca!
Segundo as Escrituras, a
carne é condenada por Deus. Trata-se de algo do qual Ele se desagrada. A carne
é tudo o que temos ao nascer: "O que é nascido da carne é carne"
(Jo 3.6).
Tudo o que temos, ao nascer,
provém da carne, e isso não inclui apenas pecado, imundície e corrupção, mas
também bondade, habilidades, zelo, sabedoria e poder naturais.
Uma lição bastante difícil de
ser aprendida, na vida de um crente, é que ele conheça a própria carne.
O cristão deve ser conduzido por todos os tipos de fracassos e privações antes
de saber o que sua carne é.
O que atrapalha o progresso
do crente, tanto na vida quanto na obra, é a carne. Ele não tem consciência de
que Deus o convoca a negar a própria carne, imagina que abrir mão dos pecados
já é o suficiente e desconhece o mesmo desprazer que Deus sente tanto por suas
habilidades, seu zelo e sua sabedoria na obra de Deus quanto por sua própria
bondade e por seu poder na vida espiritual.
Segundo Deus, precisamos
negar, fazer morrer e permitir que passe pelo julgamento tudo o que
consideramos bom de acordo com a carne e tudo o que planejamos e organizamos
pela carne. O Senhor não confere o menor valor à ajuda da carne, nem na vida
nem na obra espirituais.
No tempo de Josué, Gilgal era
exatamente o lugar onde a carne foi despojada e julgada. Para o crente
hodierno, Gilgal simboliza o lugar onde a carne deve ser julgada por meio do
entendimento que Deus nos concede. Deus declara que a carne deve ser lançada
fora. Assim, concordemos com Ele. Deus afirma que a carne precisa ser
circuncidada.
Portanto, sejamos circuncidados no coração.
Em nossa jornada espiritual
pela vida, devemos, também, partir de Gilgal e negar a carne. Porém, observe,
por favor, que isso não especifica o grau de despojamento de alguém, mas
simplesmente declara que a carne precisa ser julgada.
Um erro freqüente cometido
pelas pessoas é procurar zelo e boas obras, mas deixar de negar a carne. No
entanto, o mais essencial é julgarmos a carne da mesma forma como Deus a
julgou.
De acordo com uma.
experiência muito pessoal que tive com o Senhor, a expressão mais elevada de
vida espiritual não se encontra na regeneração, santificação, perfeição,
vitória sobre o pecado ou no poder, mas em negar a carne que é tanto o objetivo
quanto o caminho da vida espiritual.
Aqueles que não partiram de
Gilgal nunca deram início, de fato, à jornada espiritual. Aqueles que não
aprenderam a negar a carne não sabem o que é a vida espiritual.
Esses indivíduos
podem ser zelosos nas boas obras, e é possível que até se sintam felizes ao
realizá-las, mas não compreendem a verdadeira vida espiritual.
[1] Esse
princípio de interpretação da Bíblia diz que a primeira menção de uma palavra,
personagem, lugar etc. determina seu significado no restante da Bíblia
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